quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

REFLEXÃO DE ANO NOVO

Fortaleza-Ce, 31 de dezembro de 2010.


SONHOS E UTOPIAS (IM) POSSÍVEIS!


Morre mais um ano. Parecidíssimo com os demais, os meses desta década vieram marcados por tragédias que se misturaram com poucas alegrias. Rio de Janeiro e Haiti se misturaram às dores dos alagoanos. O sofrimento de tantos miseráveis clamou em alto e bom tom: a humanidade não pode esquecer-se de que o preço de um possível descontrole ambiental será altíssimo. O conflito iniciado pelo Ocidente, que tenta esvaziar a agenda fundamentalista muçulmana, parece não ter fim. Mais uma vez a história lembra que é mais fácil começar uma guerra que terminar.
Com a queda de alguns mitos da modernidade, o mundo padece de uma enxaqueca histórica. Não se acredita mais no progresso sem limite nem na agenda consumista do neoliberalismo. Sobrou uma ressaca, que imobiliza os ideais e as ações transformadoras da história; ressaca que alguns chamam de pós-modernidade. Se a alternativa da alienação não convém, parece que não há vigor para sonhar na reconstrução de outro mundo possível. Porém, sonhar é preciso. Nossos filhos e filhas não merecem herdar um mundo onde impera o desdém.
Queridos e amados rotarianos, trabalhemos pelo alvorecer de um novo dia em que os rios não poluam os oceanos; os peixes não morram asfixiados em águas podres; o raiar do sol seja menos abrasador, pois homens e mulheres conscientes restauraram as camadas estratosféricas porque adquiriram uma nova consciência ecológica. Aguardemos o dia em que novas leituras do Gênesis devolvam a humanidade à sacralidade do jardim e todos se comprometam a cuidar da criação, recompondo a natureza, que geme devido à insanidade do pecado.
Trabalhemos pelo despontar de um novo tempo em que se acabarão as fronteiras entre países, os muros étnicos e as cancelas rodoviárias; em que nos guichês de passaporte o pobre não seja impedido de procurar fugir de sistemas iníquos e o doente encontre o hospital que salvará a sua vida.
Trabalhemos pelo futuro quando espadas serão transformadas em arados. Procuremos ressignificar a esperança de que os bilhões de dólares gastos com armas e bombas sejam relocados em tratamento de esgoto, que aumenta a expectativa de vida de milhões de crianças. Repitamos: é possível acreditar que as fortunas desperdiçadas em cassinos sejam úteis em pesquisa pela erradicação da malária. Esforcemo-nos por esboçar outra realidade, em que se considera inadmissível uma bolsa custar mais que meses de salário de um operário.
Trabalhemos para que surjam muitas Madres Teresa de Calcutá em diversos continentes, todas empenhadas em acolher os moribundos. Sonhemos com mais profetas como Martin Luther King -- e que eles não sejam exceção rara. Concebamos que as penitenciárias políticas serão implodidas e que ninguém jamais seja preso por pensar diferente. Criemos um mundo em que os instrumentos de tortura se tornem peças macabras de museu e que não reste nenhuma ilha onde se maltrata outro ser humano em nome de ideologia, religião ou regime político.
Trabalhemos para que deixem de existir corregedorias, grampos telefônicos e espiões e que seja proibido bisbilhotar a privacidade das pessoas. Contribuamos para que o mundo se liberte das delações traiçoeiras contra o próximo. Convençamos os nossos filhos que é dever de todo homem e de toda mulher proteger o seu irmão. Esforcemo-nos para que os orfanatos não precisem manter as crianças por muito tempo porque as filas de adoção se multiplicaram; também, que os idosos nunca fiquem esquecidos em clínicas, à espera da morte.
Trabalhemos para que se multipliquem as orquestras e que os prefeitos construam coretos em todas as praças; e que as famílias se reúnam nos fins de semana para ouvir a apresentação vespertina de música. Não deveria ser considerado um delírio esperar que se projetem bons filmes em vilarejos e em cidades remotas. Oxalá bibliotecas ambulantes distribuam poesia para os tristes e boa literatura para os sonhadores; que escolas treinem bons malabaristas para a alegria das sextas-feiras e que mais trapezistas desafiem a gravidade nos picadeiros.
Trabalhemos para que os experimentos com células-tronco dêem certo, e que muito em breve os tetraplégicos sejam curados e saltem como gazelas pela vida. Incentivemos quem trabalha no Projeto Genoma; e que eles terminem de mapear a estrutura da vida biológica para que se reduza o número de crianças com doenças genéticas.
Trabalhemos para que o turismo sexual seja banido e extinto entre os povos; que a pedofilia se torne um anacronismo; que se desarticulem os cartéis de droga -- o tóxico tem que parar de ceifar vidas, já que, um dia, pouquíssimas pessoas precisarão entorpecer a mente para tolerar a vida; os êxtases virão do encontro com a beleza, a bondade e a solidariedade.
Trabalhemos por um novo céu e uma nova terra. Todavia, reconheçamos que esse porvir não acontecerá enquanto a humanidade tolerar o pressuposto da sobrevivência do mais forte, ou da exclusão racial e da discriminação social. Optemos pelo legado de sabedoria que nossos pais nos deixaram, que nos convoca a construir a história. Incumbidos por Deus de promover o bem, represar o mal e disseminar a justiça, acreditemos que o futuro chegará de acordo com a semente que plantarmos no presente.
Amados rotarianos, o futuro que ansiamos nascerá tanto de nossas mãos como de nossos ouvidos. Primeiro, ouçamos as verdades e os princípios eternos que Jesus Cristo nos ensinou. Depois, arregacemos as mangas. A vida espera por nós. Nossos filhos e netos não podem correr o risco de sermos negligentes ou apáticos.


Nele,
Em Quem desejo a todos um feliz 2011!




Pr. Hiram Filho

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

REFLEXÃO ROTÁRIA – DIA 23/12/10

Fortaleza-Ce, 23 de dezembro de 2010.


Amados Rotarianos Campinenses,
Saudações em Cristo!


DEUS REPOUSA NA MANJEDOURA!


Há algum tempo, intrigado, comecei a questionar porque Jesus Cristo escandalizou fariseus, saduceus e doutores da lei. Nenhuma novidade me ocorreu: há séculos os judeus aguardavam o Messias. Eles viviam na expectativa política de que um Ungido se levantaria em nome de Deus.
Nos setores mais politizados, o Messias viria como o grande libertador – uma encarnação melhorada e glorificada de Moisés. Para segmentos religiosos ortodoxos, o Messias chegaria para renovar os princípios da Torá. O cumprimento da Lei representaria uma renovação espiritual que resgataria o povo para um novo tempo.
Mas além dessa grande espera, Paulo também diz que Jesus foi loucura para os gregos. O Nazareno se revelou um retumbante fracasso porque nunca deixou colar nele as expectativas judaicas e depois, nem as gregas, sobre as ações da divindade. Via-se claramente que em Jesus, Deus não se parecia com o Movedor Imóvel de Aristóteles. Ele colocava teologia e filosofia de ponta cabeça.
Se o Deus dos fariseus zelava pelo cumprimento estrito da lei, Jesus a tornava flexível pela misericórdia. Quando perdoou a mulher apanhada no próprio ato do adultério, deixou claro que o poder do amor dobra a rigidez da lei: “Onde estão os teus acusadores. Eu não te condeno, vá em paz e não peques mais”.
Amados rotarianos, nos casos da siro-fenícia, do centurião romano, da “impura” devido a uma menstruação crônica, do endemoninhado gadareno, do cego da calçada, fica claro que qualquer um pode aproximar-se de Deus sem exigências ou protocolos religiosos. Quando Jesus estava por perto, esvaziava-se a idéia de “não-eleito”.
Jesus não comparou Deus a um fiscal punitivo, mas a um pai machucado. No alpendre, enquanto espera a volta do filho perdido, os olhos úmidos do pai eram os olhos de Deus (Parábola do filho pródigo). Sim, mesmo desolado, o velho corre ao encontro do filho sujo, mal cheiroso e o cobre de beijos.
A religião judaica antecipara um Deus mais forte que os antigos baalins, que causaram tanto problema. Jesus andou na contramão, ele tomou sobre si a fragilidade dos serviçais. Os conteúdos de sua causa não lidavam com poder, mas com serviço. Os tempos exigiam um líder que convocasse exércitos com a força letal superior às legiões romanas. Mas o Galileu preferia colocar uma criança no colo e dizer: “Dos tais é o Reino de Deus”.
A ambição era posicionar Israel como nação líder. O messias, certamente, vingaria séculos de opressão impostos por egípcios, persas, gregos e romanos. Mas eis que ele abriu o rolo da lei numa sinagoga e leu: “O Espírito do Senhor está sobre mim e ele me ungiu para pregar boas notícias aos pobres”. Se um homem assim, radicalmente humano, comprometido com a escória do mundo, se dizia a expressa imagem de Deus, tal homem precisava ser assassinado. Um Deus fraco não servia aos interesses da religião – como ainda não serve.
Além desta enorme decepção entre os semitas, os gregos também se horrorizaram. Se Deus encarnou assim, como sustentar as idéias de Aristóteles? Jesus não se assemelhava em nada com o conceito de Deus como “Ato Puro” ou como “Motor Imóvel”. O Rabi de Cafarnaum se movia de “viscerais afetos” por uma viúva a caminho de enterrar o filho, chorava diante da sepultura do amigo (Lázaro). Irritava-se quando a religião oprimia e se deixava molhar pelas lágrimas de uma prostituta. Deus não se mostrara apático.
Mas, o que verdadeiramente escandalizou no Deus que Jesus revelava foi sua tremenda inconsistência. Como assim, Deus inconstante? Misericórdia é sempre uma tremenda inconstância. A inconsistência de Deus em reverter sentenças, em anular destinos, em refazer histórias, em anular tragédias, foi a marca mais exuberante da vida de Cristo.
Até o fato de seu ensino ser vazio de dogmatismos, desestabilizava qualquer teologia. E talvez tenha sido este o pingo que entornou a taça da ira dos fariseus: o Deus inabalável, rigoroso e severo do Antigo Testamento estava ausente nas palavras, gestos e atitudes do filho de Maria.
Ainda hoje, os que distinguem entre o Deus dos fariseus e o Deus de Jesus acharão boas razões para decretar sua morte. O reino que ele inaugurou entre os homens não encontra paralelo com os reinos deste mundo. Seus ensinos não são codificáveis.
Portanto, amados e queridos rotarianos, o Deus que nasceu em uma manjedoura continuará despercebido dos poderosos. Ele só será notado nas realidades singelas e pequenas: grãos de mostarda, meninos e meninas, ovelhas indefesas, desempregados em calçadas, servos inúteis, indignos, filhos pródigos, prostitutas, leprosos, cegos, mendigos, estrangeiros, soldados e exorcistas informais.
Deus poderia escolher muitas maneiras para mostrar-se real, mas preferiu nascer em uma periferia esquecida; optou viver de um jeito que pode ser, poeticamente, comparado ao de um cordeiro.
Depois de séculos, ainda vale a pena celebrar um natal desses. Graças a Deus!



Nele,
Cujo nascimento mudou a história da humanidade!




Pr. Hiram Ribeiro dos Santos Filho
e-mail: hiramfilho@yahoo.com.br

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

REFLEXÃO ROTÁRIA – DIA 16/12/10

Fortaleza-Ce, 16 de dezembro de 2010.


Amados Rotarianos Campinenses,
Saudações em Cristo!



FELIZ NATAL?!

Natal? Sim! Natal! Mesmo sabendo das histórias todas de sincretismo da data com os cultos romanos e pagãos do quarto século, quando da “oficialização Constantiniana” da fé? Sim! Apesar disto! E por quê?
Ora, é que conquanto Natal seja um acontecimento existencial e cotidiano, todavia, é importante que se tenha uma data no ano para que de modo mais intenso se possa refletir sobre o significado da Encarnação.
Portanto, ao falar em Natal, não estou ‘sacralizando’ ou ‘sincretizando’ datas e nem falando de Papai Noel como mascote do evento, mas apenas aproveitando aquele que se tornou o maior feriadão do ano, e a data de “memória natalina”, a fim de chamar as pessoas não para a “celebração religiosa” de uma data, porém, para O significado da Encarnação.
“Pois Deus estava em Cristo reconciliando consigo mesmo o mundo”; e ainda: “... para reconciliar o coração dos pais aos filhos”; ou mesmo: “... derrubando a parede da separação”.
Datas são importantes na medida do significado vivido existencialmente pelas pessoas; do contrário, elas viram feriadão apenas.
Desse modo, devemos viver esses dias com o coração transbordante de alegria por Cristo Jesus ter nascido a fim de morrer pelos nossos pecados, fazendo que todos nós viéssemos a ‘viver’ novamente, não para o mundo, mas para Deus.



Nele,
Que nos enche o coração de gozo e alegria, pois é a única e verdadeira alegria dos homens!



Pr. Hiram Ribeiro dos Santos Filho
e-mail: hiramfilho@yahoo.com.br

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

REFLEXÃO ROTÁRIA – DIA 09/12/10

Fortaleza-Ce, 09 de dezembro de 2010.

Amados Rotarianos Campinenses,
Saudações em Cristo!


AS DOENÇAS DE SER QUE
NÃO VEMOS EM NÓS!


Não é porque alguém não faça suas necessidades fisiológicas nas calças que seja sadio. Não é porque uma pessoa não seja violenta e agressiva que por tal razão seja sadia. Não é porque a pessoa não apresente nenhuma das disfunções psíquicas que ocorrem como transtorno em pessoas diagnosticadas com problemas psíquicos graves que, por tal razão, ela seja mentalmente sadia.
Nossos maiores problemas mentais não são objeto de preocupações psicológicas e psiquiátricas. Sim! Eles decorrem de inseguranças sutis, de abusos leves, de mentiras simples, de implicâncias e antipatias inocentes, de direitos pessoais exacerbados, de intenções de controle e manipulação, de incapacidade de se enxergar, de traumas antigos e esquecidos, mas que deixam suas trilhas como caminho emocional na pessoa, etc.
Desse modo, não havendo cuidado e atenção da pessoa a si mesma, às suas emoções, reações, explosões, iras, irritações, etc. — ela vai ficando cega; e, pela normalidade da conduta social, vai adoecendo na alma sem notar que o mal está instalado e crescendo...
Nessa hora [hora-sempre], além de freqüente e diário auto-exame, devemos também, por mais chato e desagradável que nos seja, passarmos a dar atenção ao que os outros que nos amam dizem a nosso respeito; visto que, muitas vezes, o que os outros - íntimos dizem de nós carrega muito daquilo que não vemos e não queremos ver e admitir.
Amados e queridos rotarianos, normalmente tal situação é criada por um de dois extremos na alma:

1. Excesso de segurança sobre os próprios conceitos e justiça-própria.
Ora, uma pessoa tomada de tais certezas de justiça pessoal, em geral se torna incapaz de ver suas próprias idiossincrasias; as quais, em tal caso, são o resultado de tudo o que ‘de bom’ resida em tal justiça pessoal, mas que, não sendo objeto de analise da pessoa, acaba cegando áreas inteiras da auto-percepção da pessoa; sem falar que muita gente, depois de um tempo vivendo assim, desenvolve mais e mais aspectos positivos de sua justiça-própria com a finalidade inconsciente de ter álibi para um monte de outras coisas que a pessoa não quer ver e nem tratar.

2. Grande insegurança acerca de si mesmo.
Se a pessoa cheia de justiça-própria pode cegar-se por falta de auto-percepção gerada pela falsa idéia de justiça pessoal, de outro lado, o inseguro enxerga-se de modo desproporcionalmente negativo, e, assim, desenvolve todas as doenças da insegurança, que podem ir de extremo narcisismo ao oposto dele, que é a pior auto-imagem possível.

Por isto, mui amados rotarianos, o mandamento de Jesus é este: “Examine-se o homem assim mesmo...”. Afinal, se no Querubim da Guarda pôde entrar perversidade em meio à Glória, pergunto: Quem fez você crer que, por julgar-se bom e justo, algo do Querubim Exaltado não possa alojar-se sutilmente em você? Sim! As piores doenças do ser não existem nas tabelas de doenças da alma da ciência.
Nosso chamado, todavia, é para a cura diária e para a auto-analise cotidiana; não nos conformando com os padrões de comportamento adoecido desta geração perversa, e, além disso, aceitando nosso chamado para a renovação da mente, todos os dias; checando a nós mesmos diante do amor de Deus e do padrão de saúde interior determinado pelo mandamento de ser, conforme o amor em Jesus.
No dia em que alguém se julga completamente sadio, nesse dia estará mais doente de alma do que nunca.
Somente os que existem crendo que precisam não apenas de manutenção espiritual, mas de cura mesmo, é que viverão sendo curados todos os dias.
Aquele, porém, que julga que falta muito pouco a ser curado nele, esse, infelizmente, morrerá sob a presunção da saúde, celebrando conquistas antigas, mas que se perderam no tempo; posto que nenhuma virtude seja perene em nós, visto que para cada virtude existe uma não-virtude equivalente ao que em nós seja virtuoso; e, assim, pela falta de auto-analise, o pólo negativo e equivalente de nossa virtude, sutilmente vai se alojando em nós, até que nos tome, enquanto nós julgamos que se trata ainda da virtude original.
Não adianta. Não há bom. Quem não se entrega diariamente ao exame na verdade do Evangelho, esse, mesmo supondo servir a Deus, vai se perdendo sem notar...
É assim que o Querubim da Guarda se torna Lúcifer e só fica sabendo quando já é diabo.



Nele, que nos chama à Luz todos os dias,
Pr. Hiram Ribeiro dos Santos Filho
e-mail: hiramfilho@yahoo.com.br

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

REFLEXÃO ROTÁRIA – DIA 02/12/10

Fortaleza-Ce, 02 de dezembro de 2010.


Amados Rotarianos Campinenses,
Saudações em Cristo!


O ROSTO DE DEUS!


Michelangelo e vários outros pintores tentaram retratar o rosto de Deus. Foram infelizes. Como mostrar na tela quem nunca foi visto?
Com a proximidade do Natal, mais artistas procuram esboçar o que imaginam ser o rosto de Deus. Ele se parece com uma criança? É o frágil bebê das manjedouras? Talvez; o reino do céu pertence aos pequeninos, aos que mamam. Ao tentar desenhar o mistério, o artista termina com um ídolo.
O rosto de Deus, entretanto, pode ser experimentado nos sem-teto que perambulam pelas ruas e dormem nos viadutos das grandes cidades. Quando Jesus nasceu, a família estava sem moradia certa, não possuía recursos para pagar uma hospedaria e viu-se obrigada a refugiar-se em um estábulo.
O rosto de Deus pode ser percebido em vítimas de preconceito e em injustiçados. Sobre o menino que nasceu em Belém pairou uma dúvida: ele era de fato filho de José? O casal não inventara aquela história toda para se safar de um rolo?
O rosto de Deus se revela nos desprezíveis, nos que foram condenados à margem da história. Quando o menino nasceu, ninguém notou ou escutou o alarido dos anjos. A trombeta que anunciou paz na terra pela boa vontade de Deus passou despercebida da grande maioria. Apenas um punhado de pastores foi sensível para presenciar o momento mais importante da história.
Queridos e amados rotarianos, qual o rosto de Deus? Ele não se parece com os cartões postais ou com o menino de barro das lapinhas. Deus é igualzinho a Jesus. E Jesus é bem parecido com o vizinho do lado, com uma pessoa sentindo a angustia de ser perseguida injustamente, com alguém sendo caluniado e com a família que chora a morte do filho no corredor do ambulatório.
Não é preciso muito para encontrar Deus, basta um coração de carne, humano.


Nele,
Que deseja que cresçamos por dentro, para parecermos com Jesus!

Pr. Hiram Ribeiro dos Santos Filho
e-mail: hiramfilho@yahoo.com.br

terça-feira, 23 de novembro de 2010

REFLEXÃO ROTÁRIA – DIA 25/11/10

Fortaleza-Ce, 25 de novembro de 2010.



Amados Rotarianos Campinenses,
Saudações em Cristo!



SE JÁ SOU PERDOADO,
POR QUE PEDIR PERDÃO?



Novos instrumentos sempre precisam de afinações. Assim é também quando novas compreensões nos chegam ao coração. Sempre há necessidade de fazer uma sintonia fina de vez em quando. Isto porque as novas alegrias muitas vezes nos impedem de fazer uma síntese mais equilibrada das coisas por um tempo.
E a prova disso é que Hoje resolvi falar sobre perdão. Sinal de que há uma nova reflexão sendo feita. O que é muito bom!
Eu tive a bênção de ter um pai de quem jamais duvidei do amor. Eu sempre soube que meu velho me perdoaria de qualquer coisa, embora eu também sempre tenha sabido que qualquer coisa indigna que eu viesse a fazer, e ele a saber, seu coração se entristeceria bastante, talvez até profundamente. Assim, eu sempre soube que ele me perdoaria porque ele me ama, mas nunca deixei de pedir perdão a ele apenas por saber disso.
Ora, se é assim com meu pai terreno, como seria com meu Pai que está nos céus? Ao meu pai eu peço perdão porque ele precisa saber que minha consciência está viva e sadia. E também porque o respeito e desejo honrá-lo até nos meus erros. Já em relação ao meu Pai que está nos céus, peço perdão por mim mesmo, para o meu próprio bem, como reconhecimento de que minha consciência está viva, e, sobretudo, porque minha vida é um flagrante permanente diante Dele.
Assim, embora de antemão perdoado, peço perdão; posto que meu pedido de perdão seja a confissão de minha boca de que minha consciência continua cativa da verdade de Deus; e isto é importante para mim, visto que Deus sabe.
Eu, porém, sou ensinado a orar dizendo: “Perdoa as minhas dívidas assim como eu perdôo os meus devedores”. Desse modo há duas dimensões aqui envolvidas:
1. A primeira ensina que perdão é perdão. Ou seja: porque perdôo, sou perdoado; isto porque já estou perdoado; portanto, não tendo mais o direito de não perdoar. Desse modo, não perdoar equivale e dizer que não se acredita em perdão, ficando-se, assim, postos por nós mesmos, na posição de não-perdoados outra vez.
2. A segunda tem a ver com Deus, que de antemão me perdoou, mas que espera que meu coração reconheça o perdão com seriedade, a fim de que a minha consciência não fique sem exercício. Portanto, quando peço perdão, confesso que ainda estou vivo e grato; e mais: confesso meu desejo de deixar coisas e partir para outras melhores.
Arrependimento, diz o Novo Testamento, é Graça de Deus. É Deus quem concede o arrependimento, e quem conduz ao arrependimento. Portanto experimentar arrependimento já é fruto da Graça do Perdão divino. Assim, eu diria: somente perdoados se arrependem!
Prova disso é o rei Davi, que, uma vez confrontado pelo profeta Natã, disse: “Pequei contra o Senhor!”— e ouviu o profeta dizer: “Também o Senhor já perdoou o teu pecado!”
Assim, queridos e mui amados rotarianos, é que é bem-aventurado o homem a quem o Senhor não “imputa iniqüidade”. Como também é bem-aventurado todo aquele que “não se condena nas coisas que aprova”.
Desse modo, a Graça de Deus nos dá toda segurança, mas demanda de nós que vivamos buscando não pecar, não porque o pecado “tire pedaços de Deus”, mas sim porque tira os pedaços da gente.
Na revelação há sempre duas dimensões: uma eterna e outra temporal. E somente pela revelação sabemos o que é eterno, e, portanto, já é, e ninguém mudará. Ao mesmo tempo em que há advertências temporais, as quais têm dimensões de natureza, eu diria, psicológicas; isto porque concernem à alma humana e à continuidade da existência na Terra.
Por isto, eu sei que em Cristo tudo já é e já está Consumado; mas sei também que em mim mesmo, nada está acabado e concluído, pois vivo na carne, no corpo, no tempo, no espaço, e no que ainda ‘é em parte’.
Portanto, digo aos que me lêem: Os perdoados sempre pedem perdão; e, além disso, sempre perdoam!
Quando estou em um momento de “contrição” durante a oração, eu sempre aproveito para o meu bem. Mas meu confessionário é no caminho, enquanto vou, e à medida que minha consciência fala comigo. Assim deve ser com todos!


Nele,
Em Quem já sou ‘tudo’ a fim de poder ‘ser’,



Pr. Hiram Ribeiro dos Santos Filho
e-mail: hiramfilho@yahoo.com.br

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

REFLEXÃO ROTÁRIA – DIA 18/11/10

Fortaleza-Ce, 18 de novembro de 2010


Amados Rotarianos Campinenses,
Saudações em Cristo!


OS BONS OLHOS...


Jesus disse que os olhos precisam ser bons. Mesmo o cego tem que ter os olhos bons. Quem vê, tem que ver com bons olhos. Quem não vê, tem que não ver com bons olhos. Quer, pois, vejamos ou sejamos cegos, vejamos com bons olhos!
Se os olhos forem bons, todo o ser será iluminado. Tudo está no olhar! Que sejam iluminados os olhos do coração—era o desejo do apóstolo Paulo.
Queridos e amados rotarianos, se algo é impuro, o é por causa do olhar daquele que vê—sintetiza o mesmo apóstolo.
Todas as coisas são puras para os puros. Pela gratidão tudo é feito puro. Mas para aquele que tem a mente corrompida e suja, todas as coisas são impuras.
Aí está o problema. Quem não tem a mente corrompida? A mente corrompida adoece o olhar. Mas o olhar enxerga com os olhos do coração. Assim, ninguém enxerga, apenas “projeta”.
O olhar natural é apenas projeção. Somente na Graça de Deus a gente começa a ter a chance de projetar menos, e ver mais... É por isso que nossos mais veementes juízos são apenas nossas projeções.
Nos confessamos quando julgamos! O olhar bom. Meu Deus, dá-nos um bom olhar! Este mundo está cheio de olhar mau... Mau-olhado. Ora, mau é pior que mal. O segundo designa o efeito.
O primeiro define a essência. É fácil saber a qualidade das pessoas pelo olhar que elas têm da vida. Para quem não se impressiona com fachada, nada é mais revelador que o olhar... Olhar é interpretação, é entendimento, é apreciação, é luz...muita luz...até luz negra.
E ainda há tanta gente no meio religioso querendo ver onde está o demônio! Garanto: não está atrás das cortinas de uma casa, nem ainda no despacho na esquina, nem tampouco na bruxaria feita contra você.
Bem, para quem quiser saber, eu digo: o demônio está no olhar! Está no olhar de quem vê! Está na qualidade do olhar! O Diabo vê este mundo com os olhos dos homens... O Grande Olho do Diabo é a soma dos nossos olhares quando são maldosos.
Esta é a condenação: come e se alimenta do nosso pó... E enxerga com nossos olhos... Quanto pior o olhar, mais forte o diabo. Quem busca, encontra... Até o diabo... Se olhar querendo achar.
Amados rotarianos, Jesus mandou andar distraído na segurança da fé... Pois basta a cada dia o seu mal. Ele mandou olhar campos, lírios, pardais, o pôr do sol, sentir o cheiro dos ventos, discernir se vem chuva, ou calor... Sem ansiedade.
O bom olhar busca o melhor. O bom olhar não enxerga marcas ruins nas pessoas para sempre. O bom olhar espera sempre que o que perece ser, seja para o bem, e não para o mal. O bom olhar não tem medo das conseqüências de nada. O bom olhar enxerga com confiança. O bom olhar só gasta tempo apreciando aquilo pelo que ele pode expressar gratidão.
Então, o mundo começa a ser varrido; sua feiúra é vista com misericórdia; sua beleza com alegria; suas injustiças como desafios, e suas coisas boas como dom de Deus.
Quem tem olho bom, mesmo cego, tem um bom olhar. E esse homem não precisa fazer propaganda de si mesmo, pois todo o seu corpo será luminoso. Essa luz o inferno vê, só não consegue saber de onde vem, nem para onde vai...



Nele,


Pr. Hiram Ribeiro dos Santos Filho
e-mail: hiramfilho@yahoo.com.br