quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

REFLEXÃO ROTÁRIA – DIA 23/12/10

Fortaleza-Ce, 23 de dezembro de 2010.


Amados Rotarianos Campinenses,
Saudações em Cristo!


DEUS REPOUSA NA MANJEDOURA!


Há algum tempo, intrigado, comecei a questionar porque Jesus Cristo escandalizou fariseus, saduceus e doutores da lei. Nenhuma novidade me ocorreu: há séculos os judeus aguardavam o Messias. Eles viviam na expectativa política de que um Ungido se levantaria em nome de Deus.
Nos setores mais politizados, o Messias viria como o grande libertador – uma encarnação melhorada e glorificada de Moisés. Para segmentos religiosos ortodoxos, o Messias chegaria para renovar os princípios da Torá. O cumprimento da Lei representaria uma renovação espiritual que resgataria o povo para um novo tempo.
Mas além dessa grande espera, Paulo também diz que Jesus foi loucura para os gregos. O Nazareno se revelou um retumbante fracasso porque nunca deixou colar nele as expectativas judaicas e depois, nem as gregas, sobre as ações da divindade. Via-se claramente que em Jesus, Deus não se parecia com o Movedor Imóvel de Aristóteles. Ele colocava teologia e filosofia de ponta cabeça.
Se o Deus dos fariseus zelava pelo cumprimento estrito da lei, Jesus a tornava flexível pela misericórdia. Quando perdoou a mulher apanhada no próprio ato do adultério, deixou claro que o poder do amor dobra a rigidez da lei: “Onde estão os teus acusadores. Eu não te condeno, vá em paz e não peques mais”.
Amados rotarianos, nos casos da siro-fenícia, do centurião romano, da “impura” devido a uma menstruação crônica, do endemoninhado gadareno, do cego da calçada, fica claro que qualquer um pode aproximar-se de Deus sem exigências ou protocolos religiosos. Quando Jesus estava por perto, esvaziava-se a idéia de “não-eleito”.
Jesus não comparou Deus a um fiscal punitivo, mas a um pai machucado. No alpendre, enquanto espera a volta do filho perdido, os olhos úmidos do pai eram os olhos de Deus (Parábola do filho pródigo). Sim, mesmo desolado, o velho corre ao encontro do filho sujo, mal cheiroso e o cobre de beijos.
A religião judaica antecipara um Deus mais forte que os antigos baalins, que causaram tanto problema. Jesus andou na contramão, ele tomou sobre si a fragilidade dos serviçais. Os conteúdos de sua causa não lidavam com poder, mas com serviço. Os tempos exigiam um líder que convocasse exércitos com a força letal superior às legiões romanas. Mas o Galileu preferia colocar uma criança no colo e dizer: “Dos tais é o Reino de Deus”.
A ambição era posicionar Israel como nação líder. O messias, certamente, vingaria séculos de opressão impostos por egípcios, persas, gregos e romanos. Mas eis que ele abriu o rolo da lei numa sinagoga e leu: “O Espírito do Senhor está sobre mim e ele me ungiu para pregar boas notícias aos pobres”. Se um homem assim, radicalmente humano, comprometido com a escória do mundo, se dizia a expressa imagem de Deus, tal homem precisava ser assassinado. Um Deus fraco não servia aos interesses da religião – como ainda não serve.
Além desta enorme decepção entre os semitas, os gregos também se horrorizaram. Se Deus encarnou assim, como sustentar as idéias de Aristóteles? Jesus não se assemelhava em nada com o conceito de Deus como “Ato Puro” ou como “Motor Imóvel”. O Rabi de Cafarnaum se movia de “viscerais afetos” por uma viúva a caminho de enterrar o filho, chorava diante da sepultura do amigo (Lázaro). Irritava-se quando a religião oprimia e se deixava molhar pelas lágrimas de uma prostituta. Deus não se mostrara apático.
Mas, o que verdadeiramente escandalizou no Deus que Jesus revelava foi sua tremenda inconsistência. Como assim, Deus inconstante? Misericórdia é sempre uma tremenda inconstância. A inconsistência de Deus em reverter sentenças, em anular destinos, em refazer histórias, em anular tragédias, foi a marca mais exuberante da vida de Cristo.
Até o fato de seu ensino ser vazio de dogmatismos, desestabilizava qualquer teologia. E talvez tenha sido este o pingo que entornou a taça da ira dos fariseus: o Deus inabalável, rigoroso e severo do Antigo Testamento estava ausente nas palavras, gestos e atitudes do filho de Maria.
Ainda hoje, os que distinguem entre o Deus dos fariseus e o Deus de Jesus acharão boas razões para decretar sua morte. O reino que ele inaugurou entre os homens não encontra paralelo com os reinos deste mundo. Seus ensinos não são codificáveis.
Portanto, amados e queridos rotarianos, o Deus que nasceu em uma manjedoura continuará despercebido dos poderosos. Ele só será notado nas realidades singelas e pequenas: grãos de mostarda, meninos e meninas, ovelhas indefesas, desempregados em calçadas, servos inúteis, indignos, filhos pródigos, prostitutas, leprosos, cegos, mendigos, estrangeiros, soldados e exorcistas informais.
Deus poderia escolher muitas maneiras para mostrar-se real, mas preferiu nascer em uma periferia esquecida; optou viver de um jeito que pode ser, poeticamente, comparado ao de um cordeiro.
Depois de séculos, ainda vale a pena celebrar um natal desses. Graças a Deus!



Nele,
Cujo nascimento mudou a história da humanidade!




Pr. Hiram Ribeiro dos Santos Filho
e-mail: hiramfilho@yahoo.com.br

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

REFLEXÃO ROTÁRIA – DIA 16/12/10

Fortaleza-Ce, 16 de dezembro de 2010.


Amados Rotarianos Campinenses,
Saudações em Cristo!



FELIZ NATAL?!

Natal? Sim! Natal! Mesmo sabendo das histórias todas de sincretismo da data com os cultos romanos e pagãos do quarto século, quando da “oficialização Constantiniana” da fé? Sim! Apesar disto! E por quê?
Ora, é que conquanto Natal seja um acontecimento existencial e cotidiano, todavia, é importante que se tenha uma data no ano para que de modo mais intenso se possa refletir sobre o significado da Encarnação.
Portanto, ao falar em Natal, não estou ‘sacralizando’ ou ‘sincretizando’ datas e nem falando de Papai Noel como mascote do evento, mas apenas aproveitando aquele que se tornou o maior feriadão do ano, e a data de “memória natalina”, a fim de chamar as pessoas não para a “celebração religiosa” de uma data, porém, para O significado da Encarnação.
“Pois Deus estava em Cristo reconciliando consigo mesmo o mundo”; e ainda: “... para reconciliar o coração dos pais aos filhos”; ou mesmo: “... derrubando a parede da separação”.
Datas são importantes na medida do significado vivido existencialmente pelas pessoas; do contrário, elas viram feriadão apenas.
Desse modo, devemos viver esses dias com o coração transbordante de alegria por Cristo Jesus ter nascido a fim de morrer pelos nossos pecados, fazendo que todos nós viéssemos a ‘viver’ novamente, não para o mundo, mas para Deus.



Nele,
Que nos enche o coração de gozo e alegria, pois é a única e verdadeira alegria dos homens!



Pr. Hiram Ribeiro dos Santos Filho
e-mail: hiramfilho@yahoo.com.br

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

REFLEXÃO ROTÁRIA – DIA 09/12/10

Fortaleza-Ce, 09 de dezembro de 2010.

Amados Rotarianos Campinenses,
Saudações em Cristo!


AS DOENÇAS DE SER QUE
NÃO VEMOS EM NÓS!


Não é porque alguém não faça suas necessidades fisiológicas nas calças que seja sadio. Não é porque uma pessoa não seja violenta e agressiva que por tal razão seja sadia. Não é porque a pessoa não apresente nenhuma das disfunções psíquicas que ocorrem como transtorno em pessoas diagnosticadas com problemas psíquicos graves que, por tal razão, ela seja mentalmente sadia.
Nossos maiores problemas mentais não são objeto de preocupações psicológicas e psiquiátricas. Sim! Eles decorrem de inseguranças sutis, de abusos leves, de mentiras simples, de implicâncias e antipatias inocentes, de direitos pessoais exacerbados, de intenções de controle e manipulação, de incapacidade de se enxergar, de traumas antigos e esquecidos, mas que deixam suas trilhas como caminho emocional na pessoa, etc.
Desse modo, não havendo cuidado e atenção da pessoa a si mesma, às suas emoções, reações, explosões, iras, irritações, etc. — ela vai ficando cega; e, pela normalidade da conduta social, vai adoecendo na alma sem notar que o mal está instalado e crescendo...
Nessa hora [hora-sempre], além de freqüente e diário auto-exame, devemos também, por mais chato e desagradável que nos seja, passarmos a dar atenção ao que os outros que nos amam dizem a nosso respeito; visto que, muitas vezes, o que os outros - íntimos dizem de nós carrega muito daquilo que não vemos e não queremos ver e admitir.
Amados e queridos rotarianos, normalmente tal situação é criada por um de dois extremos na alma:

1. Excesso de segurança sobre os próprios conceitos e justiça-própria.
Ora, uma pessoa tomada de tais certezas de justiça pessoal, em geral se torna incapaz de ver suas próprias idiossincrasias; as quais, em tal caso, são o resultado de tudo o que ‘de bom’ resida em tal justiça pessoal, mas que, não sendo objeto de analise da pessoa, acaba cegando áreas inteiras da auto-percepção da pessoa; sem falar que muita gente, depois de um tempo vivendo assim, desenvolve mais e mais aspectos positivos de sua justiça-própria com a finalidade inconsciente de ter álibi para um monte de outras coisas que a pessoa não quer ver e nem tratar.

2. Grande insegurança acerca de si mesmo.
Se a pessoa cheia de justiça-própria pode cegar-se por falta de auto-percepção gerada pela falsa idéia de justiça pessoal, de outro lado, o inseguro enxerga-se de modo desproporcionalmente negativo, e, assim, desenvolve todas as doenças da insegurança, que podem ir de extremo narcisismo ao oposto dele, que é a pior auto-imagem possível.

Por isto, mui amados rotarianos, o mandamento de Jesus é este: “Examine-se o homem assim mesmo...”. Afinal, se no Querubim da Guarda pôde entrar perversidade em meio à Glória, pergunto: Quem fez você crer que, por julgar-se bom e justo, algo do Querubim Exaltado não possa alojar-se sutilmente em você? Sim! As piores doenças do ser não existem nas tabelas de doenças da alma da ciência.
Nosso chamado, todavia, é para a cura diária e para a auto-analise cotidiana; não nos conformando com os padrões de comportamento adoecido desta geração perversa, e, além disso, aceitando nosso chamado para a renovação da mente, todos os dias; checando a nós mesmos diante do amor de Deus e do padrão de saúde interior determinado pelo mandamento de ser, conforme o amor em Jesus.
No dia em que alguém se julga completamente sadio, nesse dia estará mais doente de alma do que nunca.
Somente os que existem crendo que precisam não apenas de manutenção espiritual, mas de cura mesmo, é que viverão sendo curados todos os dias.
Aquele, porém, que julga que falta muito pouco a ser curado nele, esse, infelizmente, morrerá sob a presunção da saúde, celebrando conquistas antigas, mas que se perderam no tempo; posto que nenhuma virtude seja perene em nós, visto que para cada virtude existe uma não-virtude equivalente ao que em nós seja virtuoso; e, assim, pela falta de auto-analise, o pólo negativo e equivalente de nossa virtude, sutilmente vai se alojando em nós, até que nos tome, enquanto nós julgamos que se trata ainda da virtude original.
Não adianta. Não há bom. Quem não se entrega diariamente ao exame na verdade do Evangelho, esse, mesmo supondo servir a Deus, vai se perdendo sem notar...
É assim que o Querubim da Guarda se torna Lúcifer e só fica sabendo quando já é diabo.



Nele, que nos chama à Luz todos os dias,
Pr. Hiram Ribeiro dos Santos Filho
e-mail: hiramfilho@yahoo.com.br

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

REFLEXÃO ROTÁRIA – DIA 02/12/10

Fortaleza-Ce, 02 de dezembro de 2010.


Amados Rotarianos Campinenses,
Saudações em Cristo!


O ROSTO DE DEUS!


Michelangelo e vários outros pintores tentaram retratar o rosto de Deus. Foram infelizes. Como mostrar na tela quem nunca foi visto?
Com a proximidade do Natal, mais artistas procuram esboçar o que imaginam ser o rosto de Deus. Ele se parece com uma criança? É o frágil bebê das manjedouras? Talvez; o reino do céu pertence aos pequeninos, aos que mamam. Ao tentar desenhar o mistério, o artista termina com um ídolo.
O rosto de Deus, entretanto, pode ser experimentado nos sem-teto que perambulam pelas ruas e dormem nos viadutos das grandes cidades. Quando Jesus nasceu, a família estava sem moradia certa, não possuía recursos para pagar uma hospedaria e viu-se obrigada a refugiar-se em um estábulo.
O rosto de Deus pode ser percebido em vítimas de preconceito e em injustiçados. Sobre o menino que nasceu em Belém pairou uma dúvida: ele era de fato filho de José? O casal não inventara aquela história toda para se safar de um rolo?
O rosto de Deus se revela nos desprezíveis, nos que foram condenados à margem da história. Quando o menino nasceu, ninguém notou ou escutou o alarido dos anjos. A trombeta que anunciou paz na terra pela boa vontade de Deus passou despercebida da grande maioria. Apenas um punhado de pastores foi sensível para presenciar o momento mais importante da história.
Queridos e amados rotarianos, qual o rosto de Deus? Ele não se parece com os cartões postais ou com o menino de barro das lapinhas. Deus é igualzinho a Jesus. E Jesus é bem parecido com o vizinho do lado, com uma pessoa sentindo a angustia de ser perseguida injustamente, com alguém sendo caluniado e com a família que chora a morte do filho no corredor do ambulatório.
Não é preciso muito para encontrar Deus, basta um coração de carne, humano.


Nele,
Que deseja que cresçamos por dentro, para parecermos com Jesus!

Pr. Hiram Ribeiro dos Santos Filho
e-mail: hiramfilho@yahoo.com.br