segunda-feira, 21 de setembro de 2009

A Despedida


À Família de Leda Figueiredo Lopes


Ao sussurro do vento que embala à noite, na verde alcatifa do campo santo, onde vosso corpo jaz inerte, receba ó mãe, a gratidão dos vossos filhos que sempre amparastes. Deus habita vossa solidão. Nesse epílogo de uma vida tão nobre e tão embebida de grandeza e honradez, vossa solidão é um mundo de almas que vos cercam e, vosso silêncio noturno é a presença Daquele que abençoa a mansa despedida de uma vida tão fecunda, tão bela, tão vivida.

Por que Deus permite que as mães vão-se embora? Mãe é luz que não apaga.
Mãe, na sua graça, é eternidade. Mãe não tem limite, é a excelsa portadora da bondade divina. Mãe é tempo sem hora, água pura, ar puro e puro pensamento.

Sei que estais feliz. a verdadeira felicidade é o desejo satisfeito, pelo muito que fizestes aos que ficaram. Podeis nos visitar. Penetrai nesta casa como quem acha seu lugar.

Deus que vos soprou vida tão sossegada, tão fecunda, de tantas alegrias e realizações, também de certas adversidades e de tantas dores, guardou para Vós, mesmo estando emocionada, a tranquilidade para o instante último. Deus deve ter-vos dito: “Não choreis, o que vai acontecer é natural”. E naquela alta noite murmurastes: “Meu marido e meus filhos, eu vou embora...”


Hiram Ribeiro dos Santos

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