quinta-feira, 12 de março de 2009

HOMENAGEM DO ROTARY CLUB CAMPINA GRANDE AO DIA NACIONAL DA POESIA

A poesia é a arte de linguagem humana, do gênero lírico, que expressa sentimento através do ritmo e da palavra cantada. Seus fins estéticos transformaram a forma usual em recursos formais, através das rimas cadenciadas.

As poesias fazem adoração a alguém ou a algo, mas pode ser contextualizada dentro do gênero satírico também.

Existem três tipos de poesias: as existenciais, que retratam as experiências da vida, a morte, as angústias, a velhice e a solidão; as líricas, que trazem as emoções do autor; e a social, trazendo como temática principal as questões sociais e políticas.

A poesia ganhou um dia específico, sendo este criado em homenagem ao poeta brasileiro Antônio Frederico de Castro Alves (1847-1871), no dia do seu nascimento, 14 de março.

Castro Alves ficou conhecido como o “poeta dos escravos”, pois lutou grandemente pela abolição da escravidão. Além disso, era um grande defensor do sistema republicano de governo, onde o povo elege seu presidente através do voto direto e secreto.

A poesia é uma arte literária e, como arte, recria a realidade. O poeta Ferreira Gullar diz que o artista cria um outro mundo “mais bonito ou mais intenso ou mais significativo ou mais ordenado – por cima da realidade imediata”.

Para outros, a arte literária nem sempre recria. É o caso de Aristóteles, filósofo grego que afirmava: “a arte literária é mimese (imitação); é a arte que imita pela palavra”.

Declamando ou escrevendo, fazer poesia é expressar-se de forma a combinar palavras, mexer com o seu significado, utilizar a estrutura da mensagem. Isto é uma função poética.

A poesia sempre se encontra dentro de um contexto cultural e histórico. Os vários estilos poéticos, as fases de cada autor, os acontecimentos da época e tantas outras interferências muitas vezes se misturam à obra e lhe dão novos significados.

Os gêneros de poesia permitem uma classificação dos poemas conforme suas características. Por exemplo, o poema épico é, geralmente, narrativo, de longa extensão, grandiloqüente, aborda temas como a guerra ou outras situações extremas. Dentro do gênero épico, destaca-se a epopéia. Já o poema lírico pode ser muito curto, podendo querer apenas retratar um momento, um flash da vida, um instante emocional. Poesia é a expressão de um sentimento, como por exemplo, o amor. Vários poemas falam de amor. O poema é o seu sentimento expressado em belas palavras, palavras que tocam a alma.

A poesia pode se apresentar de várias formas: poema, soneto, ode e em prosa.

Poema

Um poema é uma obra literária apresentada geralmente em verso e estrofes (ainda que possa existir prosa poética, assim designada pelo uso de temas específicos e de figuras de estilo próprias da poesia). Efetivamente, existe uma diferença entre poesia e poema. Este último, segundo vários autores, é uma obra em verso com características poéticas. Ou seja, enquanto o poema é um objeto literário com existência material concreta, a poesia tem um caráter imaterial e transcendente.

Fortemente relacionado com a música, a poesia tem as suas raízes históricas nas letras de acompanhamento de peças musicais. Até a Idade Média, a poesia era cantada. Só depois o texto foi separado do acompanhamento musical. Tal como a música, o ritmo tem uma importância fulcral.

Um poema também faz parte de um sarau (reuniões em casas particulares para expressar artes, músicas, poemas, poesias, etc.).



Soneto

Soneto é um poema de forma fixa, composto por 14 versos. Pode ser apresentado em 3 formas de distribuição de versos:

  • Soneto italiano ou petrarquiano: apresenta duas estrofes de 4 versos (quartetos) e duas de 3 versos (tercetos)
  • Soneto inglês ou “Shakeaspereano”: 3 quartetos e um dístico
  • Soneto monostrófico: apresenta uma única estrofe de 14 versos

Ao que tudo indica, o soneto – do italiano sonetto, pequena canção ou, literalmente, pequeno som – foi criado no começo do século XIII, na Sicília, onde era cantado na corte de Frederico II da mesma forma que as tradicionais baladas provençais. Alguns atribuem a invenção do soneto a Jacopo da Lentini (conhecido como Jacopo Notaro, após receber o título Jacobus de Lentino domínio imperatoris notarius) – poeta siciliano e imperial de Frederico II, que surgiu como uma espécie de canção ou de letra escrita para música, possuindo uma oitava de dois tercetos, com melodias diferentes.

O número de linhas e a disposição das rimas permaneceram invariáveis até que um poeta de Santa Firmina, Guittone D´Arezzo, tornou-se o primeiro a adotar e aderir definitivamente àquilo que seria conhecido como a melhor forma de expressão de uma emoção isolada, pensamento ou idéia: o soneto. Durante o século XIII, Fra Guittone, como era conhecido, criou o soneto guitoniano, patronizado, cujo estilo foi empregado por Petrarca e Dante Alighieri, com pequenas variações. Tais sonetos são obras marcantes, se considerarmos as circunstâncias em que eles surgiram.

Coube ao florentino Francesco Petrarca aperfeiçoar a estrutura poética iniciada na Sicília, difundindo-a por toda a Europa em suas viagens. Sua obra engloba 317 sonetos contidos no “II Canzoniere”, a coletânea de poesia que exerceu influência sobre toda a literatura ocidental. Os melhores poemas desse livro são dedicados a Laura de Novaes, por quem possuía um amor platônico. Destacam-se os recursos metafóricos e o lirismo erótico dos sonetos.

Dante Alighieri, o autor da consagrada A Divina Comédia, e também um seguidor de Guittone, em sua infância já compunha sonetos amorosos. Seu amor impossível por Beatriz (provavelmente Beatriz Portinari) foi imortalizado em vários sonetos em “Vita Nuova”, seu primeiro trabalho literário de grande importância.

Graças a uma viagem que fez para a Itália em 1551, o poeta português Sá de Miranda regressando em 1526, trouxe para Portugal uma nova estética, introduzindo pela primeira vez o Soneto, a canção, a sextina, as composições em tercetos e em oitavas e os versos de dez sílabas, conhecidos como decassílabos.

Anos se passaram até que dois ícones da literatura mundial, um português e um inglês, deram ao Soneto, cada um ao seu modo, o toque de mestre: Luiz Vaz de Camões e William Shakespeare.

Camões é considerado o maior poeta clássico da Literatura Moderna. Freqüentou a nobreza em Portugal, tomou parte em diversas expedições militares, mas foi exilado por suas posições políticas. Passou alguns anos na prisão, de onde saiu com “Os Lusiadas”, uma obra que o colocou entre os maiores poetas mundiais de todos os tempos. Apesar disso, morreu pobre. Escreveu diversos sonetos, tendo o amor como tema principal.

Shakespeare, além de teatrólogo, desenvolveu uma habilidade única na poesia. O seu soneto, o soneto inglês, é composto de três quartetos e um dístico, diferente da composição original de Petrarca. O mais célebre dos escritores ingleses escreveu diversos poemas, alguns deles recheados de metáforas. Vejamos um exemplo de soneto petrarquiano:


Seudão

Aos Silveira Guimarães

Fui ver e vi o brejo da serra
Que deu luz e berço a Seudão,
O homem forte, o jequitibá da terra,
Vulto perene do litoral ao sertão...

Está insepulto, a alma não se enterra,
Continua vivo e muito presente, um clarão!
A sua bela história não se encerra,
A saudade é a memória do coração.

Um visionário e grande futurista,
Perscrutava o porvir com precisão,
Enxergava longe com a segunda vista.

Amou a família e sua gente, um humanista,
Empreendedor e administrador por vocação,
Eis a vida e a obra de um progressista.

Hiram Ribeiro dos Santos


Ode

Ode é uma composição poética que surgiu na Grécia Antiga, e era cantada e acompanhada pela lira. Ode, em grego significa canto.

Ela se divide em estrofes semelhantes entre si, tanto pelo número como pela medida dos versos, geralmente de quatro versos ou dividida em três partes recorrentes quando coral. Os poetas gregos Alceu, Safo e Anacreonte escreveram odes.

Já em Roma, onde era chamada mais comumente de carmen, teve cultores como Catulo e Horácio. No século XX teve vasta produção na Itália, com Gabrielle D´Annuzzio; na França, com Victor Hugo; na Espanha, com Manuel José Quintana entre outros.

No dicionário Houaiss da língua portuguesa temos:

  1. entre os gregos, poema lírico destinado ao cant
  2. poema lírico composto de estrofes de versa igual, sempre de tom alegre e entusiástico

Poema lírico de forma complexa e variável, a Ode caracteriza-se pelo tom elevado e sublime com que trata determinado assunto. As literaturas ocidentais modernas aproveitaram sobretudo, de ponto de vista da forma, a ode composta por três unidades estróficas, correspondentes, no desenvolvimento da idéia do poema, à estrofe, à antístrofe (cantada pelo coro, originalmente) e ao epodo (conclusão do poema). A ode comportava uma série de esquemas métricos e rítmicos, de acordo com os quais era classificada.

Na música, as odes modernas são compostas mais para solistas e coro orquestra. Foi empregada pelos autores como Haendel, Henry Purcell e Beethoven, que utilizou a Ode à alegria, texto de Schiller, na sua 9ª Sinfonia. Também na literatura portuguesa houve escritores e poetas que aderiram a esta forma de escrita tais como Camões, Correia Garção, Cruz e Silva, Fernando Pessoa e, atualmente, Miguel Torga.

Na literatura de cordel, encontramos a ode caracterizada com versos bem populares, aparentemente como um repente, mas de estilo elegante e trabalhado, com linguagem clássica sem ferir o vernáculo. O estilo que se segue foi composto para homenagear um homem que admirava a poesia popular, senão vejamos:


Ode a Seudão


Hiram Ribeiro dos Santos

I


Aos nove anos, em tenra idade
A seca assolou o sertão de Ipueiras
Sentiu na pele os primeiros espinhos
Obrigando-o a migrar para a cidade
Em Monteiro, em casa dos Silveira´s
Tios Aureliano e Mariazinha, padrinhos
O iniciaram no cadinho da escolaridade...


II


Visitado por seu pai e a irmã Isaura
Sentiu no coração a saudade de casa
Começou a brilhar a luz de sua aura
Contrariando o tio, retornou ao seu torrão
Convenceu seu pai Tomás a diversificar
Foi plantar cana-de-açúcar e fabricar
Rapadura, aí o progresso se instaura...


III


Aos dezessete anos, nos domínios da fazenda
Floresce o tino para a comercialização
Ganhando em comissões sobre venda
Negocia peles de animais em toda a região
Em sociedade com seu tio Abílio Silveira
Entra com o trabalho, o coração e a razão
Poupando tudo, compra o primeiro caminhão...


IV


No comércio era sempre um pioneiro
Por caminhão transportava e vendia algodão
De Campina trazia e negociava fios no sertão
Para fabricação de redes, as melhores da região
Simultaneamente como alternativa foi tropeiro
Formando e organizando tropas de animais
Em seus lombos transportava gêneros, cereais
E farinha de mandioca em estradas vicinais...


V


O espírito com visão futurista e empreendedor
Os filhos para educar e necessitando estudar
Fizeram Seudão sair para um centro maior
Mesmo nutrindo grande amor por São Bento
Veio para Campina Grande negociar
Comprar e vender caminhões era seu intento...


VI


Aqui na Borborema ficou estabelecido
Em pouco tempo até no sul ficou conhecido
Pelos executivos da montadora Chevrolet
Vieram e viram nele as melhores condições
Porque por mês vendia trinta caminhões
Foi por merecimento nomeado concessionário
Aceitou. Achou o negócio bom e necessário...


VII


É convocado para o povo de sua terra servir
É eleito em São Bento o primeiro prefeito
Lá, cidadãos de toda a região puderam sentir
A retidão e a decência do político perfeito
Aplicando verbas com rara seriedade
Um administrador digno com muita probidade...


VIII


Expandiu os negócios o sério empresário
No ramo de veículos se consolidou
Ao mesmo tempo investiu na agricultura
Com fazendas no brejo, cariri e sertão
Tinha no trabalho e na produção sua cultura
Por pecuária tinha paixão e preferência
Um discortinio que provinha do coração
Imprimindo toda a sua experiência...


IX


Os negócios crescem e se expandem
É da lei natural, não se enganem
Quando a procura é maior que a oferta
Para o sertão e o seridó o interesse desperta
Abriu em Patos outra concessionária
A qualidade do serviço para o sertanejo
Era na verdade seu maior desejo...


X


Retorna a administrar sua terra querida
Dessa vez, o que mais lhe interessa
Como apanágio singular de sua vida
Sua maior vontade e lidima promessa
Vai determinado construir celebre ponte
Ligando o progresso, vislumbra novo horizonte
Para o seu povo trabalhador e altaneiro
Seudão era realmente um grande pioneiro...



XI


Ainda construiu a igreja da cidade
Belas praças, ruas e largas avenidas
O colégio, hospital e maternidade
Para educar as crianças, salvando vidas
Brilhou cintilante sua estrela, sua grandeza
Trazendo de Paulo Afonso luz e energia
Sob as bênçãos de Deus e da natureza...


XII


Mais uma grande empresa é criada
Agora torna-se um Grupo Empresarial
Seu desempenho, sua fibra ratificada
Leva de presente à cidade espacial
Uma moderna concessionária consolidada
Posta à serviço do Rio Grande do Norte
Com a lisura e a tenacidade do homem forte...


XIII


É preciso destacar a grande figura
Da mulher trabalhadora, da alma mais pura
Que tanto contribuiu para a constituição
Formação e consolidação da marca Seudão
É da nossa terra, é da nossa gente
Dona Galdina, valente e inteligente
Fidalga e dos mais elevados sentimentos
Participou ativamente dos acontecimentos...


XIV


Com a dedicação e exemplar desempenho
Dos filhos a quem tanto se dedicou e amou
Formados no saber, na têmpera do aço forjou
Seudão continua o destemido investidor
Com uma diferença quase abismal
Abre a mais moderna do ramo no Brasil
A segunda concessionária em Natal
Muito estilo e um nome especial, Espacial!...


XV


Logo após, sofre uma perda irreparável
Inesperadamente, morre Dona Galdina
O braço sempre forte e inquebrantável
No diadema a pedra mais cristalina
De tantas lutas e muito brilhantismo
Amou e se doou com raro heroísmo
A mais bela estrofe de um poema
Ainda vive e mora no piemonte da Borborema...


XVI


Sua vida não tem mais cor, nem brilho
Foi-se o esteio que suas mãos segurou
Nas horas escuras do afastamento e da dor
Para ela nada constituía empecilho
Deus dela precisava, por isso a chamou
Seudão, a baraúna do Brejo do Cruz
Perdeu a estrela que lhe deu tanta luz
Não podia fraquejar, portanto continuou...


XVII


Mas as almas que são comprometidas
Pela afeição, pela paixão, vividas
Ao se separarem, compungidas
Se quedam pela perda e aos prantos
Sentidas, sem auroras, sem encantos
Esperam por amor, ansiosas pelo reencontro
E não demorou muito, a noticia triste correu
A árvore frondosa sofreu, Seudão morreu
O sertão chorou, o Rio Grande soluçou,
A Paraíba gemeu.


Muito Obrigado a Todos.

Aos companheiros e companheiras

Minhas Saudações Rotárias


Hiram Ribeiro dos Santos
1º Secretário do R. C. Campina Grande


Campina Grande, 12 de março de 2009

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