quarta-feira, 4 de novembro de 2009

REFLEXÃO ROTÁRIA – 29/10/2009

Fortaleza-Ce, 29 de outubro de 2009.


Amados Rotarianos Campinenses,
Saudações em Cristo!


O VINHO À LUZ DA BÍBLIA!


Lembro-me quando nosso companheiro Lafite me pediu, a mais de um ano atrás e por intermédio de meu paizinho, para falar um pouco sobre o vinho a luz da Bíblia. E, naquela ocasião, mesmo gozando de pouco tempo, jamais, em hipótese alguma, poderia deixar de lhe dar a atenção que ele merecia.
O assunto é polêmico e cheio de especulações, no entanto, de caráter teológico.
Bem, quando Paulo disse em Romanos 14 que os que são mais maduros deveriam buscar não chocar os de “consciência fraca” ou os “débeis na fé”— ele fazia referência ao seguinte tipo de pessoa: ao novo na fé, que vinha de uma cultura pagã, e que ainda tinha hábitos mentais e culturais de natureza idólatra; os quais (os novos na fé), em vendo alguém, por exemplo, comendo qualquer alimento “consagrado a um ídolo”, podem se “escandalizar”. E isto mesmo quando aquele que está comendo já é “adulto em Cristo”; e, portanto, já sabe que “todas as coisas são puras para os puros, se recebidas com ações de graça”, mas que, ainda assim, no ato de exercer a liberdade de sua consciência adulta, deve cuidar para que aquilo que para ele não é “mais nada”, mas que ainda significa uma tentação ou um vício religioso para a alma condicionada nas barganhas do paganismo, e que ainda não absorveu a consciência do Evangelho.
Ora queridos rotarianos, isto posto, e explicado quem é o frágil na fé (que merece cuidados) e quem é o “casca grossa” (que não precisa ser “provocado”, mas que também não precisa ser poupado, assim como Jesus não poupou os fariseus) — devemos agora olhar a esta questão. No livro de Eclesiastes se diz que entre as bênçãos de um homem na terra, está comer gostosamente o seu pão, beber alegremente o seu vinho, e gozar a vida com a mulher que ele ama. O vinho é tratado nas Escrituras de duas maneiras: como benção de Deus ao homem (veja o Salmo 104); e como algo que, ingerido em excesso, pode ser uma desgraça para o homem (Pv; e vários profetas; e as “bebedices” faladas por Paulo).
Assim, a Escritura judaica não é contra o vinho, mas sim, como não poderia deixar de ser, contra o excesso; como é contra qualquer excesso!
O vinho que Jesus “tirou” da água em Caná da Galileia, era vinho mesmo, do bom; e, portanto, com o melhor teor de fermentação, com o melhor buquê, com a melhor textura, e com o melhor sabor. Não era suco de uva; como também não era suco de uva o vinho usado na “Ceia do Senhor”, no Ágape da Igreja Primitiva, conforme I Co 11, onde Paulo diz que por aquele vinho alguns, bebendo-o em excesso, embriagavam-se; porém, ele apenas manda que retornem à sobriedade, mas não proíbe o vinho. Ao contrário, como qualquer cidadão sadio e normal daqueles dias, e, sobretudo, como homem de consciência adulta em Cristo, Paulo bebia naturalmente; ao ponto de também saber que uma boa dose de vinho todos os dias, poderia fazer com o que o estomago de Timóteo (pastor em Éfeso) ficasse melhor — especialmente porque as águas disponíveis nas estradas, para os viajantes, nem sempre eram boas para a saúde.
Como, porém, para nós, Jesus é a “Chave Hermenêutica” não só para se entender a Escritura, mas também a vida, a existência, como ela é — então, também para nós, a questão é uma só: Como Jesus se relacionou com o vinho?
Ora, a resposta a esta pergunta recebe a seguinte assertiva: Ele se relacionou com o vinho de um modo refinado, elegante, prazeroso, alegre, e comedido. Foi assim que Ele criou vinho, bebeu vinho e andou com os que bebiam vinho. Ou seja: Jesus tratou o vinho como algo bom, bebeu-o com alegria, ilustrou coisas do Reino com a imagem do vinho, o fez estar presente nas Bodas e nas Festas Escatológicas ou nas festas do perdão, como na parábola do Filho Pródigo, em meio às danças, às musicas, e à festa!
E mais amados rotarianos: por tais atos e companhia de pessoas que bebiam vinho, Ele também foi julgado pelos ‘religiosos’; que são, nos evangelhos, mais do que qualquer outro grupo, os fariseus. “Bebedor de vinho e amigo de pecadores” — era como o chamavam. E Ele não se envergonhou de nada disso!
Se algum leitor desta reflexão tem medo de ser “julgado” ao tomar uma boa taça de um vinho Cabernet Sauvignon (rsrsrs), é ainda fruto de sua justiça-própria-religiosa! Ou seja: você está com medo de escandalizar as pessoas erradas: o pessoal casca grossa! Afinal, me responda apenas uma coisa: O que é escândalo para os de fora ou para os recém chegados à fé: que se beba vinho com alegria e moderação, ou que se o proíba em nome de Jesus? Sim! Onde está o escândalo? Na realidade o que mais escandaliza os novos ou os de fora é justamente essa proibição farisaica inspirada pelo diabo, conforme Jesus afirma aos fariseus nos evangelhos.
Quando os fracos na fé passam a ser os eternos fariseus, e quando é a eles que se pretende proteger, não por nada, mas apenas porque eles são uns Pitbulls raivosos e cheios de juízo perverso e invejoso —; sim, cedendo a esses, se está privilegiando sempre a consciência eternamente débil e adoecida dos fariseus; além do que, fazendo desse modo, também nos abstemos para sempre de todas as nossas legitimas liberdades em Cristo (e foi para a liberdade que Cristo nos chamou- Gl 5); e, assim, abrimos o espaço para que prevaleça a Lei dos Escândalos: que é essa que só dá uma pessoa recém convertida como “santificada” no dia em que ela, à semelhança dos fariseus da religião, também passa a dizer que beber vinho é coisa maligna.
Nesse dia os fariseus tomam um porre de arrogância!
Beber vinho é coisa maligna em duas circunstancias apenas: 1ª – quando a pessoa que bebe o faz sem moderação, caindo no hábito desgraçadamente vicioso; ou escandalizando os fracos na fé. 2ª – quando a pessoa já teve um histórico pessoal de vício alcoólatra. Ora, tal pessoa deve saber que “é alcoólatra”, e que não deve beber JAMAIS; pois, para ela, o vinho tem um poder que, por exemplo, sobre mim não tem; embora eu beba muito pouco vinho.
O que passar disso, amados rotarianos, saibam: é coisa do diabo; e de quem, em associação a ele, consciente ou inconscientemente, pretende “reduzir ou espreitar a nossa liberdade que temos em Cristo” — conforme nos disse Paulo; afirmando também o apóstolo que a esses tais ele jamais se sujeitou, a fim de que a liberdade do Evangelho não ficasse sob o domínio do legalismo perverso e sem bom senso.
Assim, faça seu curso em paz; e coma gostosamente o seu pão, beba alegremente o seu vinho (de preferência Cabernet Sauvignon – rsrsrs); e goze a vida com a mulher que você ama ou venha a amar — pois essa é a paga terrena de nossos labores nesse chão que cardos e abrolhos nascem, e aonde o vinho é sinal de Graça e Misericórdia, conforme o sábio Salomão.
Eu teria ainda muitas coisas a escrever, mas é por aqui que vou ficando por julgar que lhes disse o suficiente. Agora a jornada da consciência é com você!


Nele,
Em Quem tudo é melhor; e que disse que o Seu Reino era como o Vinho Novo,


Pr. Hiram Ribeiro dos Santos Filho
e-mail: hiramfilho@yahoo.com.br

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