quinta-feira, 27 de novembro de 2008

HOMENAGEM DO ROTARY CLUB DE CAMPINA GRANDE AO

DIA MUNDIAL DO LIVRO


Livro é um volume transportável, composto por páginas, sem contar as capas encadernadas, contendo texto manuscrito ou impresso e/ou imagens e que forma uma publicação unitária (ou foi concebido como tal) ou a parte principal de um trabalho literário, científico ou outro.

Em ciência da informação o livro é chamado monografia, para distingui-lo de outros tipos de publicação como revistas, periódicos, teses, documentários, etc.

O livro é um produto intelectual e, como tal, encerra conhecimento e expressões individuais ou coletivas. Mas também é nos dias de hoje um produto de consumo, um bem, e sendo assim a parte final de sua produção é realizada por meios industriais (impressão e distribuição). A tarefa de criar um conteúdo passível de ser transformado em livro é tarefa do autor. Já a produção dos livros, no que concerne a transformar os originais em um produto comercializável, é tarefa do editor, em geral contratado por uma editora. Uma terceira função associada ao livro é a coleta, organização e indexação de coleções de livros, típica do bibliotecário.

A história do livro é de renovações técnicas que permitiram a melhora da conservação dos volumes e do acesso à informação, da facilidade em manuseá-lo e produzi-lo. Esta história é intimamente ligada às contingências políticas e econômicas e à história de idéias e religiões.

Na Antiguidade surge a escrita, anteriormente ao texto e ao livro. A escrita consiste de código capaz de transmitir e conservar noções abstratas ou valores concretos, em resumo: palavras. É importante destacar aqui que o meio condiciona o signo, ou seja, a escrita foi em certo sentido orientada por esse tipo de suporte; não se esculpe em papel ou se escreve em mármore.

Os primeiros suportes utilizados para a escrita foram tabuletas de argila ou de pedra. A seguir veio o khastés (volumen para os romanos, forma pela qual ficou mais conhecido), que consistia em um cilindro de papiro, facilmente transportado. O “volumen” era desenrolado conforme ia sendo lido, e o texto era escrito em colunas na maioria das vezes (e não no sentido do eixo cilíndrico, como se acredita). Algumas vezes o mesmo cilindro continha várias obras, sendo chamado então de tomo. O comprimento total de um “volumen” era de c.6 ou 7 metros, e quando enrolado seu diâmetro chegava a 6 centímetros.

O papiro consiste em uma parte da planta, que era liberada, livrada (latim libere, livre) do restante da planta – daí surge a palavra líber libri, em latim, e posteriormente livro em português. Os fragmentos de papiros mais “recentes” são datados do século II a.C.. aos poucos o papiro é substituído pelo pergaminho, excerto de couro bovino ou de outros animais. A vantagem do pergaminho é que ele se conserva mais ao longo do tempo. O nome pergaminho deriva de Pérgamo, cidade da Ásia menor onde teria sido inventado e onde era muito usado. O “volumen” também foi substituído pelo códex, que era uma compilação de páginas, não mais um rolo.

O códex surgiu entre os gregos como forma de codificar as leis, mas foi aperfeiçoado pelos romanos nos primeiros anos da Era Cristã. O uso do formato códice ou e do pergaminho era complementar, pois era muito mais fácil costurar códices de pergaminho do que de papiro. Uma conseqüência fundamental do códice é que ele faz com que se comece a pensar no livro como objeto, identificando definitivamente a obra com o livro. A consolidação do códex acontece em Roma, como já citado. Em Roma a leitura ocorria tanto em público (para a plebe), evento chamado recitatio, como em particular, para os ricos. Além disso, é muito provável que em Roma tenha surgido pela primeira vez a leitura por lazer (voluptas), desvinculada do senso prático que a caracterizava até então. Os livros eram adquiridos em livrarias. Algumas obras eram encomendadas pelos governantes, como a Eneida, encomendada a Virgilio por Augusto. Acredita-se que o sucesso da religião cristã se deve em grande parte ao surgimento do códice, pois a partir de então tornou-se mais fácil distribuir informações em forma escrita.

Na idade Média o livro sofre um pouco, na Europa, as conseqüências do excessivo fervor religioso, e passa a ser considerado em si como um objeto de salvação. A característica mais marcante da Idade Média é o surgimento de monges copistas, homens dedicados em período integral a reproduzir obras, herdeiros dos escribas egípcios ou dos libraii romanos. Nos monastérios era conservada a cultura da Antiguidade. Apareceram nessa época os textos didáticos, destinados à formação dos religiosos.

O livro continua sua evolução com o aparecimento de margens e páginas em branco. Também surge a pontuação do texto, bem como o uso de letras maiúsculas. Também aparecem índices, sumários e resumos, e na categoria de gêneros, além do didático, os florilégios (coletâneas de vários autores), os textos auxiliares e os textos eróticos. Progressivamente aparecem livros em língua vernácula, rompendo com o monopólio do latim na literatura. O papel passa a substituir o pergaminho. Mas a invenção mais importante, já no limite da Idade Média, foi a impressão, no século XIV. Consistia originalmente da gravação em blocos de madeira do conteúdo de cada página do livro; os blocos eram mergulhados em tinta, o conteúdo transferido para o papel, produzindo várias cópias. Em 1405 surgia na China, por meio de Pi Sheng, a máquina impressora de tipos móveis, mas a tecnologia que provocaria uma revolução cultural moderna foi desenvolvida por Johannes Gutemberg.

No Ocidente, em 1455, Johannes Gutemberg inventa a imprensa com tipos móveis reutilizáveis, o primeiro livro impresso nessa técnica foi a Bíblia em latim. Houve certa resistência por parte dos copistas, pois a impressora punha em causa a sua ocupação. Mas com a impressora de tipos móveis, o livro popularizou-se definitivamente, tornando-se mais acessível pela redução enorme dos custos da produção em série. Com o surgimento da imprensa desenvolveu-se a técnica da tipografia, da qual dependia a confiabilidade do texto e a capacidade do mesmo para atingir um grande público. As necessidades do tipo móvel exigiam certo desenho de letras; caligrafias antigas, como a Carolíngia, estavam destinadas ao ostracismo, pois seu sucesso de detalhes e fios delgados era impraticável, tecnicamente.

Uma das figuras mais importantes do inicio da tipografia é o italiano Aldus Manutius. Ele foi importante no processo de maturidade do projeto tipográfico, o que hoje chamaríamos de design gráfico ou editorial. A maturidade desta nova técnica levou, entretanto, cerca de um século.

Em Portugal, a imprensa foi introduzida no tempo do rei D. João II. O primeiro livro impresso em território nacional foi o Pentateuco, impresso em Faro em caracteres hebraicos no ano de 1487. Em 1488 foi impresso em Chaves o Sacramental de Clemente Sánchez de Vercial, considerado o primeiro livro impresso em língua portuguesa, e em 1489 e na mesma cidade, o Tratado de Confissom. A impressão entrava em Portugal pelo nordeste transmontano. Só na década de noventa do século XV é que seriam impressos livros em Lisboa, no Porto e em Braga.

Na idade Moderna aparecem livros cada vez mais portáteis, inclusive os livros de bolso. Estes livros passam a trazer novos gêneros: o romance, a novela, os almanaques. Cada vez mais aparece a informação não-linear, seja por meio de jornais, seja da enciclopédia. Novas mídias acabam influenciando e relacionando-se com a indústria editorial: os registros sonoros, a fotografia e o cinema. O acabamento dos livros sofre grandes avanços, surgindo aquilo que conhecemos como edições de luxo.

Enciclopédia. De acordo com a definição dada no início deste artigo, o livro deve ser composto de um grupo de páginas encadernadas e ser portátil. Entretanto, mesmo não obedecendo a essas características, surgiu em fins do século XX o livro eletrônico, ou seja, o livro num suporte eletrônico, o computador. Ainda é cedo para dizer se o livro eletrônico é continuador do livro típico ou uma variante, mas como mídia ele vem ganhando espaço, o que de certo modo amedronta os amantes do livro típico – os bibliófilos. Existem livros eletrônicos disponíveis tanto para computadores de mesa quanto para computadores de mão, os palmtops. Uma dificuldade que o livro eletrônico encontra é que a leitura num suporte de papel é cerca de 1,2 vez mais rápida do que em suporte eletrônico, mas pesquisas vêm sendo feitas no sentido de melhorar a visualização dos livros eletrônicos.

Biblioteca Moderna. A criação do conteúdo de um livro pode ser realizada tanto por um autor sozinho quanto por uma equipe de colaboradores, co-autores e ilustradores. Tendo o manuscrito terminado, inicia a busca de uma editora que se interesse pela publicação da obra (caso não tenha sido encomendada). O autor oferece ao editor os direitos de reprodução industrial do manuscrito, cabendo a ele a publicação do manuscrito em livro. As funções do editor são intelectuais e econômicas: deve selecionar um conteúdo de valor e que seja vendável em quantidade possível de gerar lucros ou mais-valias para a empresa. Modernamente o desinteresse de editores comerciais por obras de valor mas sem garantias de lucros tem sido compensado pela atuação de editoras universitárias (pelo menos no que tange a trabalhos científicos e artísticos).

Cabe ao editor sugerir alterações do autor, com vista a ajustar o livro no mercado. Essas alterações podem passar pela editoração do texto, ou pelo acréscimo de elementos que possam beneficiar a utilização/comercialização do mesmo pelo leitor.

Os livros atualmente podem ser classificados de acordo com seu conteúdo em duas grandes categorias: livros de leitura seqüencial e obras de referência: anuário, bibliografia, dicionário, manual, enciclopédia, guia turístico, livro didático, relatório, vade mecum, poesias. Não é raro que se procure uma indicação de clássicos da literatura. Em 1994, o crítico americano Harold Bloom publicou a obra O Cânone Ocidental, em que discutia a influência dos grandes livros na formação do gosto e da mentalidade do ocidente. Bloom considera a tendência de se abandonar o esforço em se criar cânones culturais nas universidades, para evitar problemas ideológicos, problemática para o futuro da educação.

A Bíblia é o livro mais vendido do mundo. O Guiness World of Record é o segundo livro mais vendido no mundo.

O livro é fascinante, encantador, orientador, educador, instrutor, influenciador, companheiro, amigo e conselheiro. No dizer de Steven Spielberg: “É mais importante e instrutivo ler um bom livro do que assistir a um grande e memorável filme”

“Um país se faz com homens e livros”, célebre frase de José Bento Renato Monteiro Lobato, autor de O Saci Pererê, Urupês, Cidades Mortas, Negrinha, Idéias de Jeca Tatu, O Escândalo do Petróleo, O Presidente Negro ou O Choque das Raças. Criador do Sitio do Pica Pau Amarelo, Fábulas, Peter Pan, Reinações de Narizinho, Viagem ao Céu , Caçadas de Pedrinho e outras inumeráveis obras infantis e para adultos. Há livros que perscruta o futuro, antevê o que está em oculto e é incrivelmente premonitório.

“O Presidente Negro” é um livro assustador. Assustador em vários sentidos. Primeiro pelo caráter premonitório da obra. Em 1926, Lobato prevê a invenção de um tipo de radio transmissão de dados que possibilitaria o ser humano a cumprir suas tarefas da própria casa sem a necessidade de se deslocar para o trabalho. Fala também do desaparecimento do jornal impresso porque as notícias serão “radiadas” diretamente para a casa dos indivíduos e aparecerão em caracteres luminosos numa tela – exatamente como acontece com quem está lendo esse texto. Em uma palavra atual: internet.

Mas as premonições não param por aí. Às vésperas de viajar para os Estados Unidos como adido comercial da embaixada brasileira, Monteiro Lobato preconiza a eleição de um presidente negro nos EUA. O momento político (no ano 2228) que possibilitaria isso viria da raça branca, entre um candidato do Partido Masculino (Kerlog) e uma candidata do Partido Feminino (Evelyn Astor). A neofeminista Evelyn Astor está com a vitória praticamente garantida e eis que surge o líder negro Jim Roy, que acaba eleito presidente.

Uma assustadora semelhança entre o que aconteceu agora nas eleições nos EUA. Será Barack Obama o Jim Roy de Lobato?

No ano de 2007 fizemos uma homenagem a Monteiro Lobato quando comemorávamos o Dia do Escritor. Voltamos a novamente citar Monteiro Lobato nesta semana em que o mundo inteiro comemora o Dia do Livro, em razão das semelhanças de suas idéias premonitórias. Primeiro quando falou sobre o petróleo existente em abundância em nosso país e na época ninguém lhe deu o mínimo crédito. Agora veio a eleição de Barack Obama vencendo as primárias do partido democrata para a senadora Hillary Clinton e posteriormente a eleição presidencial. O que o mundo não gostaria de ver era a repetição (desfecho da obra), quando a raça branca se une para evitar que Roy (Obama?) assuma o poder. Ainda fala que avençando no tempo os asiáticos dominariam o planeta. Falou com muita clareza sobre a eugenia, numa posição de eloqüente purificação racial levada às últimas conseqüências.

Realmente, tanto Monteiro Lobato, quando Orwell e Huxley foram os grandes visionários do Século XX, concebendo um mundo que estamos vivendo intensamente.

Orwell, fascinante autor de 1984, criou um universo que parecia fantasia, utopia; entretanto, quem diria, somos vigiados, em toda parte e em todos os momentos, e nos tornamos prisioneiros do medo e de nós mesmos. Coincidência ou profecia? Alinho-me à última hipótese. Huxley, autor do Admirável Mundo, Verne e tantos outros teceram a realidade vivenciada pelos humanos, de tal sorte que parece estarmos dentro de sua criação.

Finalmente, para quem leu Monteiro Lobato, na infância, e o releu neste momento, sente calafrios, ao terminar a leitura. Não foi preciso esperar o ano 2228. Basta que comparemos a trágica hecatombe provocada por Hitler e a limpeza das raças que pretendeu, para concluirmos que Lobato não brincou em serviço. Sua previsão, com relação à eugenização dos humanos, ocorreu a menos de 60 anos. A semelhança do aparelho concebido pelo escritor com o computador é fantástica e a descrição do choque das raças é assustador pelas previsões que faz. Vale a pena ler e tirar as próprias conclusões, não apressadas é óbvio. Não acho que o autor fosse racista ou defensor de idéias abomináveis. Apenas previu e com muita verossimilhança.

Estes comentários servem para ilustrar a importância do livro na vida de cada pessoa, especialmente daqueles que desde tenra idade iniciaram uma vida inteira abraçada ao livro, seu melhor amigo. Agradeço a atenção de todos em mergulhar no mundo maravilhoso da leitura. Muito Obrigado.


Saudações Rotárias

Hiram Ribeiro dos Santos
Secretário do Rotary Club de Campina Grande


Campina Grande, 27 de novembro de 2008.

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